BRASIL: Pelo segundo mês consecutivo, a balança comercial brasileira bateu recorde. Em julho, o país exportou US$ 8,06 bilhões a mais do que importou, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia.
Esse é o maior superávit para o mês desde o início da série histórica, em 1989. Ao todo, foram exportados US$ 19,56 bilhões em julho, enquanto o total de produtos e serviços importados fechou em US$ 11,50 bilhões.
Os principais fatores para o resultado foram o bom desempenho dos produtos agropecuários – impulsionados pela maior demanda de países asiáticos e o real desvalorizado-, e a queda nas importações, como efeito da crise econômica causada pela pandemia de covid-19.
No acumulado do ano, as exportações brasileiras estão 6,4% menores do que no mesmo período (janeiro a julho) de 2019. No caso das importações, o recuo nos primeiros sete meses do ano é ainda maior, de 10,5%, na comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa para o governo federal é que as exportações brasileiras caiam mais de 10% em 2020 e as importações sejam reduzidas em 17%.
“Temos que ter em mente que estamos vivendo uma crise. Em momentos de crise, é normal que as importações caiam e que você tenha excedentes exportáveis e que faça com que a balança comercial atinja saldos interessantes”, afirmou Lucas Ferraz, secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
Segundo ele, o objetivo do governo não é obter superávits na balança comercial, mas aumentar de forma equilibrada tanto as importações quanto as exportações.
“O mais importante para o país é uma balança comercial onde exportações e importações crescem de forma equilibrada. No longo prazo, o nosso objetivo continua sendo, via aumento da inserção internacional da economia brasileira, aumentar a corrente de comércio: as importações e as exportações. Não existe grande exportador que não seja grande importador”, acrescentou.
Exportações
Apesar da queda nos valores exportados, por causa da desvalorização do real frente ao dólar, o volume de produtos vendidos pelo país em julho deste ano cresceu em relação ao mesmo período do ano passado, especialmente no setor de agropecuária, cujo aumento foi de 21,1%.
O que tem puxado esse desempenho, segundo os dados da balança, é a venda de soja, cujo valor cresceu 35,2% nos sete primeiros meses desse ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume exportado foi ainda maior: 38,2% de aumento na mesma comparação. A demanda tem vindo principalmente de países asiáticos, como a China, que registrou um aumento de 15,4% na compra de produtos brasileiros na comparação entre 2020 (janeiro-julho) e 2019 (janeiro-julho). Por outro lado, o milho e o café registraram queda nas exportações, de forma geral, na comparação deste ano com 2019, até agora.
Na indústria extrativa, o volume exportado de petróleo cresceu 40,5% de janeiro a julho de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, mas como o preço do produto está em queda no mercado internacional, houve redução de 10,5% nas vendas (em valores). Já o minério de ferro apresentou redução tanto no volume (-9%) quanto no valor das vendas (-4,3%).
Na indústria de transformação, a queda nas exportações tem sido mais acentuada. Automóveis e aeronaves, produtos exportados principalmente para Argentina, Estados Unidos e Europa, registraram queda de 46,3% e 54,3%, respectivamente, em termos de volume vendido, na comparação entre janeiro e julho de 2020 com o mesmo período do ano passado.
Importações
Entre os produtos importados pelo Brasil, a principal redução foi verificada em combustíveis e lubrificantes, com queda de 32,9% na comparação entre 2020 (janeiro-julho) e 2019 (janeiro-julho), por causa da queda da demanda interna, em meio à crise econômica causada pela pandemia. Já os bens de consumo, como produtos eletrônicos, registrou uma queda de 14,9% nas importações, seguidos por bens intermediários (-11,2%).
Balança comercial tem superávit de R$ 7,6 bilhões em agosto
Com a redução contínua nas importações, a balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,395 bilhões na segunda semana de agosto (de 10 a 16). De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, o valor foi alcançado com exportações de US$ 4,145 bilhões e importações de US$ 2,750 bilhões.
Em agosto, a balança comercial acumula superávit de US$ 3,388 bilhões até o dia 16. No mês, houve ligeira queda de 0,6% na média diária das exportações na comparação com o mesmo mês do ano passado, com aumento de 31,2% em agropecuária, queda de 17,4% na indústria extrativa e de 3,6% em produtos da indústria de transformação.
Já as importações registraram queda de 22,3%, com recuo de 19,7 % em produtos da indústria de transformação, de 77,8% em indústria extrativa e de 3,3% em agropecuária. No acumulado do ano, o saldo comercial é superavitário em US$ 33,374 bilhões, 16% a mais do que no mesmo período do ano passado.
O valor é resultado de exportações de US$ 129,781 bilhões (-6,3%) e importações de US$ 107,008 bilhões (-11,6%)