JAGUARÉ: Após mais de 100 dias sem o registro de chuvas consideráveis o município de Jaguaré entra sob o risco de enfrentar uma nova Crise Hídrica. Em menos de cinco anos os jaguarenses voltam a se deparar com seu principal reservatório baixando a cada dia. De um lado estima-se que dois terços do volume de água já tenha foi consumido. De outro, não há previsão de volumes de chuvas significativos para os próximos 40 dias. Em resposta, o SAAE iniciou um Plano de Ação que amplia as fontes de captação, com poços artesianos, e iniciou uma campanha de conscientização da população.
Ainda é recente na memória da população a forte estiagem enfrentada em 2017. Comunidades inteiras foram abastecidas à caminhão pipa e podia-se caminhar dentro do que havia sido o orgulho da Cidade, a Barragem do Jundiá. Desta data muitos ainda lembram da seca de inúmeras represas-córregos e a perda de boa parte da produção agrícola. Eram famílias esperando ‘cair água de madrugada na torneira’ e produtores desolados por terem o sistema de irrigação, mas não tinham água para usar.
De acordo com dados de precipitação registrados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Jaguaré, nos últimos quatro meses o volume de chuva acumulado ficou em 46mm (Maio- 4,5mm, Junho- 21,8mm, Julho 2,8mm, Agosto (até esta data)- 17,3mm. O valor é muito menor se comparado com volumes de chuvas registrados em anos anteriores. De Maio-Junho a precipitação foi de: 2020 – 150mm, 2019 – 230mm, 2017 – 237mm (ano de abastecimento de comunidades à caminhão pipa).
Especialistas consultados pela reportagem indicaram que neste ritmo (considerando capacidade de reposição reduzida VERSUS consumo crescente em dias quentes + elevação da evaporação + aumento no número de usuários) podem colocar a situação hídrica da cidade em patamares enfrentados em anos anteriores. Citam que apenas em evaporação (de acordo com parâmetros definidos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná) a Barragem do Jundiá chega a perder o equivalente a 280.000 litros em dias quentes – o equivalente ao consumo diário de aproximadamente 800 famílias.
Ações do SAAE
De acordo com o Diretor do SAAE de Jaguaré, Valmir César Cristo, a autarquia está atuando para enfrentar os efeitos da estiagem. Citou entre as ações: a interrupção no fornecimento de água em todo o sistema de 18:00 às 21:00 horas; aquisição de 500 hidrômetros para instalação imediata (há anos a autarquia não adquiria e instalava hidrômetros); projeto para aquisição e mais hidrômetros (para controlar o consumo e incentivar a economia); reativação de poços artesianos.
De acordo com o Prefeito de Jaguaré, Marcos Guerra, a Prefeitura está monitorando diariamente a situação de todas as represas de captação de água do Município. Citou também que estão sendo monitorados os efeitos na agricultura e outros setores econômicos. Ainda sinalizou que a sua equipe já vem mantendo contato com a Defesa Civil Estadual e que novas medidas são estudadas.
Estiagem de 2017
Em 2017 o Norte do Espírito Santo registrou um dos períodos de maior estiagem de sua história. Mais de vinte municípios foram classificados em situação extremamente crítica, com a falta de água afetando o abastecimento humano. A Secretaria Estadual de Agricultura – SEAG, estimou uma perda de até 70% em algumas áreas agrícolas, um prejuízo projeto em mais de R$ 2 bilhões.