ES: Agregar valor aos produtos, instituir uma marca conhecida e manter as futuras gerações na terra … este é o desejo de inúmeros pequenos produtores de todos País. E há mais de trinta anos o pequeno município capixaba de Venda Nova do Imigrante saiu na frente, quando a palavra agroturísmo nem mesmo existia no Brasil. O projeto que institui a cidade como capital do Agroturísmo já foi aprovado na Câmara dos Deputados, agora caminha para o Senado Federal e para sansão presidencial.
Vale citar que desde 2009 a Associação Brasileira de Turismo Rural (Abratur) já confere o título à cidade. O Agroturísmo é definido como uma modalidade de turismo rural que associa a vivência do cotidiano agrícola ao lazer, à visitação e a valorização do meio ambiente.
“Uma enorme organização a partir do setor produtivo local, sobretudo da agricultura, com a preservação de tradição, cultura e valores. Venda Nova já é reconhecida em todo o Brasil dessa forma, e continuaremos na torcida para que o município receba esse título oficial. Parabéns a cada um que faz de Venda Nova do Imigrante ser a referência nacional que é no Agroturísmo!”, assim o deputado federal Evair Vieira de Melo definiu a base da transformação que o Agroturísmo proporcionou em Venda Nova do Imigrante (ES).
Para o prefeito Paulinho Mineti o reconhecimento oficial é uma conquista. “Nosso Município cresceu no trabalho das famílias. Das pessoas que chegaram aqui e construíram suas vidas e desbravaram essas terras com muita força, determinação e criaram o Agroturísmo. Esse título, quando aprovado, será uma honra para nós”- avaliou.
De acordo com a Prefeitura de Venda Nova do Imigrante, graças aos projetos desenvolvidos de fomento rural no decorrer dos anos, atualmente estão envolvidas 70 propriedades, com 300 famílias e 1.500 pessoas diretamente atuantes.
Reconhecimento de um trabalho familiar
Reconhecido como a Capital Nacional do setor pela Abratur (Associação Brasileira de Turismo Rural), o município capixaba começou a desenvolver o Agroturísmo em 1987, quando a atividade nem tinha nome no Brasil. A denominação usada vem do italiano “agroturísmo” e foi na Itália que os primeiros empreendedores buscaram informações para a prática.
Algumas iguarias encontradas durante as visitas às propriedades são o Socol (embutido bem condimentado) de carne de porco, o Limoncello (licor amarelo de limão siciliano), o queijo tipo Resteia (de textura macia e sabor adocicado), a Puína (ricota cremosa), a Grappa (destilado do bagaço de cana), a Caponata (antepasto preparado à base de berinjela). Outros produtos são café Arábica, cachaça, doces (em compota, cristalizados e cremosos), geleias, biscoitos, vinho, fubá de moinho de pedra, artesanatos e flores.
Um dos visitantes da região, Tiago dos Reis, do portal Rotas Capixabas garante: “Hoje, quem visita Venda Nova tem inúmeras opções de imersão no agroturismo. Você pode lotar a sua despensa com produtos caseiros como queijos, vinhos, biscoitos, pães, massas, doces e antepastos, nas várias lojinhas espalhadas pela cidade. Pode conhecer orquidários, plantações de flores e visitar lavouras de hortifruti como morango, goiaba, uva e lichia, nos quais você pode colher a fruta e comer ali mesmo. Pode apreciar ou comprar o café plantado e colhido na região nas inúmeras fazendas de produtores que abrem suas portas para visitantes. Pode visitar alambiques e experimentar cachaças. E pode conhecer e levar pra casa o famoso socol, embutido a base de carne de porco, que foi trazido pelos imigrantes italianos e, depois, completamente adaptado nas cozinhas de Venda Nova.”
O abandono da realidade Jaguarense
Porém as mesmas características não são encontradas no município do Norte Capixaba. Aos e questionar as ações de fomento rural, como o Agroturísmo, desenvolvidas, causa-se soa até estranheza aos órgãos oficiais da Prefeitura de Jaguaré. De um passado pujante pelas conquistas das famílias colonizadoras, e da primazia na excelência na produtividade do café Conilon, atualmente o setor agrícola municipal apresenta-se carente de projetos de fomento para a agricultura familiar.
A reportagem realizou contato com a Secretaria Municipal de Agricultura. A informação (via Secretaria de Meio Ambiente) é que o secretário, Charles Sebastião Martins da Silva, (assumiu em 28.05) não se encontra e a demanda seria encaminhada.
A reportagem também realizou contato com a Secretaria Municipal de Turismo. A informação é que secretário, Paulo Henrique Queirós, não se encontrava e a demanda seria encaminhada.
Até o fechamento da reportagem não houve retorno com informações.
Luta de vários anos
O presidente licenciado do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Jaguaré, Fábio Ucelli, ressalta que o a entidade há diversos anos luta para que o Município desenvolva atividades que incentive e promova o ecoturismo local. “Essa é uma das nossas grande luta. Manter a família rural em sua propriedade, sendo valorizada e gerando renda e mantendo a atratividade para as futuras gerações. Ver um município capixaba recendo este título nos mostra duas coisas: o quanto estamos abandonados por nossos gestores e que precisamos nos unir para mudar nossa realidade”- frisou.
O consultor financeiro, Marcos Guerra, explica que o ecoturismo se apresenta como uma ótima vertente para as pequenas propriedades rurais e a agricultura familiar. Ressalta que a atividade permite a geração de renda e a atração de recursos para o município. “Um projeto ecoturismo bem desenvolvido e implantado tem a capacidade de trazer uma dinâmica gigantesca uma economia como a de Jaguaré. São investimentos nas propriedades rurais e recursos que vem de fora para dentro da Cidade” – avaliou.