BRASIL: Em poucos meses toda a cadeia de produção do etanol deve entrar em colapso. O setor enfrenta duas crises, a queda no consumo devido o Isolamento Social causado pela Pandemia do novo Coronavírus Covid-19; e a crise do petróleo, que jogou os preços do barril no chão. Hoje as usinas já trabalham no negativo, vendendo o litro do etanol a R$ 1,40/litro, porém com o com custo médio de R$ 1,55/litro.
Sem mudança radical redirecionando os preços do mix da cana para patamares que cubram minimamente os custos operacionais, esta safra tem cara de que terá morte súbita. E deverá ser carregada muita cana para ser moída em 2021 diante da possibilidade de que várias usinas do Centro-Sul parem a produção entre agosto e setembro.
O cenário não é descabido, para o consultor Ricardo Pinto, se persistirem as baixas seguidas na demanda por etanol (beirando os 50%) e preços deprimidos, sob reflexo do excepcional recuo do petróleo/gasolina, e a capacidade de estocagem se esgotando. E com quantidade limitada de unidades tendo capacidade operacional para fabricar só açúcar.
Estima em 90 milhões de toneladas de cana, de um total previsto de 595 milhões, para ser moída de janeiro em diante. Matéria-prima conhecida por cana bisada. Vale dizer que as indústrias não vão querer pagar para produzir. O etanol hidratado, por exemplo, vendido em torno do R$ 1,40/litro, está com custo de R$ 1,55/litro.
Assim, esta crise estoura nos produtores, que não terão para quem entregar toda a safra que está pronta para ser colhida.
Além do etanol em forte retração, há que se estimar que o açúcar também segue achatado, beirando os 10 centavos de dólar por libra-peso, e, no segundo semestre, ficará mais pressionado com a nova safra da Índia e Tailândia chegando.
Os grandes grupos empresariais fixaram o açúcar no mercado internacional até fevereiro em redor de 14,50 a 15 c/lp, e “ganharam dinheiro”. O total contratado até então estima-se em 65% de cerca de 40 milhões/t. O resto do açúcar para ser negociado vem com ganhos apenas pelo dólar, mas numa margem muito estreita.