ES: As técnicas para a produção de estacas clonais de mudas de cafeeiro conilon foi o enfoque da tese de um doutorado com trabalhos conduzidos na Fazenda Experimental do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em Marilândia. A tese foi apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) Darcy Ribeiro, pelo pesquisador do Incaper e coordenador estadual de cafeicultura, Abraão Carlos Verdin Filho. O conteúdo completo poderá ser acessado futuramente na Biblioteca Rui Tendinha.
A tese abordou cinco etapas de estudo na produção de mudas clonais em cafeeiro conilon com o intuito de buscar tais inovações em dimensões e tipos de cortes nas estacas. Os experimentos foram realizados de forma simultânea e em condições controladas, em viveiro de produção de mudas de café conilon com telado preto para promoção de 50% de sombra, onde foram avaliadas características relacionadas ao crescimento vegetativo, desempenho fotossintético e produção de biomassa das mudas de cafeeiro conilon.
O pesquisador explicou que a produção de estacas clonais de mudas de cafeeiro conilon, ou a propagação assexuada, consiste na multiplicação de uma pequena parte vegetal da planta. Segundo Verdin Filho, para o Coffea canephora, nome científico do café conilon, usa-se ramos novos oriundos de jardins clonais, onde esses ramos são conduzidos e, posteriormente, retirados para o preparo individual das estaquinhas. “Vale destacar as vantagens, nesse caso, que são a precocidade na produção, maior uniformidade das plantas, maior facilidade nos tratos culturais, maior produtividade, entre outros fatores”.
“Sendo assim, um dos pontos-chaves para o sucesso na cafeicultura consiste na produção de mudas com alto vigor e de boa qualidade. Por esse motivo, realizamos os estudos em cinco etapas sobre as dimensões e tipos de cortes nas estacas caulinares na produção de mudas clonais em cafeeiro conilon, levando em conta o crescimento vegetativo, desempenho fotossintético e produção de biomassa das mudas”, completou Verdin Filho.
As cinco etapas de estudo englobam avaliações sobre os tipos de corte do ápice da estaca, os diferentes comprimentos no ápice das estacas com 0,5 cm até 2,5 cm, os comprimentos das hastes caulinares na base de estacas com 2,0 cm até 6,0 cm. Também foram abordados os diferentes tamanhos dos ramos plagiotrópicos, que são ramos laterais, produtivos e que saem das bases das hastes nas estacas caulinares com 0,5 cm até 2,5 cm, além do dimensionamento do corte das folhas na estaca clonal que variaram de 70, 50 e 30% do tamanho da folha na estaquinha, afirmou o pesquisador.
Resultados apresentados na tese
Segundo Verdin Filho, notou-se que o corte bisel, lateral ou transversal, no ápice da estaca favoreceu o crescimento e desenvolvimento das mudas, com destaque para a maior produção de massa seca total das plantas, além de desfavorecer o acúmulo de água nesta região da estaca clonal. “Também foi possível verificar que o tamanho do ápice entre 1,5 e 1,6 cm contribuiu para os maiores resultados em produção de massa seca total e área foliar”, disse.
Os comprimentos de haste basal a parte de baixo da estaca, variaram entre 5,0 cm e 6,0 cm são os mais indicados com base nos resultados de crescimento vegetativo e nos aspectos fisiológicos analisados conjuntamente. Já nos estudos dos ramos plagiotrópicos remanescentes, que são laterais, produtivos e que saem dessas hastes, os melhores resultados foram encontrados entre 1,5 cm e 2,0 cm de comprimento, que favorecem a expansão foliar, o acúmulo de biomassa e maiores taxas fotossintéticas.
“Ambos resultaram em mudas com maiores índices de qualidade e na proporção do corte das folhas da estaca clonal e verificou-se que houve influências no crescimento, o enfolhamento, no desenvolvimento do sistema radicular, na produção de biomassa, as trocas gasosas e a qualidade das mudas clonais de cafeeiro conilon, sendo que os melhores resultados ocorreram com proporções de corte entre 40,00% e 59,33% do comprimento da nervura central das folhas”, informou Verdin Filho.
Um estudo pioneiro no Brasil e no Espírito Santo em Coffea canephora, foi efetuado na mesma unidade onde é hoje a Fazenda Experimental de Marilândia. Na ocasião, foi o servidor do Instituto Brasileiro do Café (IBC), o engenheiro agrônomo Adelson Paulino, que trouxe essa tecnologia em manejo na época, o que revolucionou a cafeicultura na época com os seus conhecimentos na produção de mudas clonais. No entanto, seria necessário averiguar tais indicações e também efetuar outros estudos que não tinham sido efetuados na época. Nesse sentido, a tese do pesquisador do Incaper, Verdin Filho, buscou verificar e elucidar esses questionamentos.
Produção de conilon no Estado
O Espírito Santo é destaque em âmbito nacional, com aproximadamente 70% de produção de Coffea canephora no Brasil. Portanto, tal espécie desempenha uma enorme importância nas atividades agrícolas nacionais, com destaque direto na economia do Estado, com 38,9% Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBPA) em 2017, mantendo-se, assim, a principal cultura na economia agrícola capixaba. Ainda nesse contexto, o Estado possui uma área superior a 261 mil hectares em cultivo e com uma taxa anual de renovação em torno de 7% e com aproximadamente 35 milhões de mudas sendo plantadas todos os anos.