ES: Um gato-do-mato (Leopardus guttulus), espécie ameaçada de extinção, teve a oportunidade de voltar à natureza. O animal foi solto no Parque Estadual do Forno Grande, em Castelo, na última sexta-feira (23), após tratamento no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que é operacionalizado pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram).
O gato-do-mato, que é uma fêmea, foi resgatado na região do Parque Estadual da Pedra Azul (Pepaz), em Domingos Martins. “Essa gatinha foi encontrada sozinha, na região do Caxixe, com alguns ferimentos devido a um incêndio e a entregaram aqui no Pepaz”, contou a servidora do Iema, Tamires Mutz, que deu os primeiros cuidados ao animal e o encaminhou para o Cetras.
O gato estava com algumas queimaduras leves nas patas e nas vibrissas (bigode). “Apesar de ser filhote, o animal não estava em fase de amamentação e tinha comportamento agressivo, então foi possível criá-lo sem a necessidade de contato humano intenso. Assim, recebeu os cuidados adequados até sua completa recuperação”, explicou a médica veterinária Renata Hurtado, coordenadora de Medicina e Reabilitação do Ipram.
Durante o tratamento, o gato-do-mato cresceu e se desenvolveu muito bem e manteve o comportamento agressivo na aproximação de humanos. Para que pudesse voltar à natureza, foram realizados meses de treinamento com a ajuda dos especialistas em felinos selvagens, Jorge Salomão, da Ong Ampara Silvestre, e de Cristina Adamia, da Associação Mata Ciliar.
“Quando consideramos o animal clinicamente apto à soltura, recebemos o apoio dos especialistas, que nos assessoraram na reabilitação e na implementação do treinamento pré-soltura, em especial de caça”, ressaltou Renata Hurtado. Foram seis meses de trabalho intenso, em que o gato-do-mato teve o recinto em que ficava ampliado e foi treinado para aprender a caçar e sobreviver na natureza.
Renata Hurtado destacou ainda o apoio dos servidores do Iema, em especial a Tamirez Mutz, servidora do Pepaz, que fez os cuidados iniciais do filhote após o resgate; o Rodolpho Torezani, gestor do Parque do Forno Grande, que auxiliou na escolha do local para soltura ideal, e Tainan Oliveira, servidora da Coordenação de Fauna, que cuidou da logística de autorização e do transporte do animal.
“Toda a equipe do Ipram também se dedicou muito para que conseguíssemos atingir este objetivo. Foi um trabalho em conjunto, ao longo de meses, que nos permitiu dar uma segunda chance ao animal”, disse Renata Hurtado. “Por estar ameaçado de extinção, cada indivíduo tem um grande valor para a conservação da espécie e muita gente se dedicou e ajudou para dar certo”, completou a veterinária.